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Casal vai de Brasília ao Alasca vendendo doces em motorhome



 

“Vou aproveitar a vida e aposentar com 21 anos de idade”, é o que diz Letícia Pereira, ao se referir à viagem que planeja fazer com o namorado, Bruno Santana, 30, até o Alasca, nos Estados Unidos. Moradores de Taguatinga, o Casal Nada Normal – como os dois se apresentam em um perfil no Instagram – roda por diversas regiões do Distrito Federal vendendo bolos para arrecadar fundos e poder custear a reforma da casa móvel que os levará até o frio congelante do norte das Américas.
“Eu abri o mapa e vi a Rodovia Panamericana. Ela vai do Ushuaia [na Argentina] até o Alasca [nos EUA]. Daí vi o estreito de Darien [na Colômbia] e percebi que existe a possibilidade de pegar a balsa [para seguir viagem]. Nesse estudo, também vi que é a maior distância que você consegue percorrer com um veículo sem atravessar um oceano. Então, foi por isso, pelo desafio da distância”, explica Bruno.
Juntos há 8 meses, o casal conta que decidiu encarar a aventura em 1º de janeiro deste ano. “Foi para mudar os ares. E, no decorrer de 10 dias, a gente montou [a viagem]”, conta Bruno. “A gente vai vender sobremesas e fazer a mesma coisa que aqui. Então, por que não viajar e fazer isso?”, questiona Letícia.A expectativa dos dois é sair do DF e seguir rumo a São Luís, no Maranhão. E, de lá, descer todo o litoral brasileiro pela costa ─ arrecadando fundos também com o comércio de bolos ─ até atravessar a fronteira com a Argentina e ir em direção ao Ushuaia. Do extremo sul das Américas, darão o início da travessia, via Rodovia Panamericana, em direção ao estado americano.

Para cruzar o trecho sem estradas do Estreito de Darien ─ uma região de selva localizada entre a Colômbia e o Panamá ─ o casal ainda decidirá por onde tomará a balsa: se pelo litoral equatoriano ou colombiano. “Saindo do Equador, fica R$ 2,6 mil. Da Colômbia, fica R$ 4 mil”, estima Bruno. Além dos dias na estrada, contabilizam cerca de 10 dias de navegação, desde o embarque do veículo em um dos portos sul-americanos, travessia e liberação do motorhome na Cidade do Panamá.

“Ao todo, iremos cruzar mais de 30 mil km”, estima Bruno. Disse Bruno que do Ushuaia até Cartagena, de carro, são 10.209 km. Em seguida, o trecho da Cidade do Panamá até a Cidade do México são mais 3.318 km. Da capital mexicana até Monterrey, somam-se 910 km. E de Monterrey até Alcan Border, na fronteira do Alasca, são mais 6.733 km. Sem contar com os trechos no Brasil e a travessia de barco, são 21.170 km de estrada.

Originalmente, a rodovia segue para outro rumo ─ até Nova York (veja mapa abaixo). Em 16 de abril de 1928, um trio de brasileiros saiu do Rio de Janeiro e cruzou as Américas em dois carros modelo Ford T. Passaram pelas principais cidades dos países americanos, mas, após cruzarem a fronteira para o México, seguiram em direção à costa leste americana. Mário Fava, Leônidas Borges de Oliveira e Francisco Lopez da Cruz finalizam a viagem de 10 anos, com uma carona de barco de volta ao Brasil.

Águas Claras, Asa Norte, Sudoeste, Samambaia e Taguatinga são os destinos reservados para vendas de bolos do casal. Munidos de 100 sobremesas por dia, circulam pelos bares das cidades em busca de novos apoiadores da causa. “O normal é irmos até 1h nos bares”, conta Bruno.

Cada bolo custa R$ 10 e o copo da felicidade sai a R$ 15. “E nós não recebemos ajuda. O cliente deixa o dinheiro e a gente faz a doação da sobremesa”, conta Bruno. “Nós também temos uma garantia. Se não gostar, você não paga pela sobremesa. Até hoje não tivemos nenhuma devolução”, garante.

“Foi difícil [a produção de bolos] no começo. Queimei muito recheio”, conta Letícia. Ela não cozinhava e precisou da ajuda de Bruno para ser aprovada nas primeiras fornadas. Reformaram a cozinha de casa e a equiparam com um forno industrial pequeno e duas panelas profissionais para dar conta da demanda.

Veterano na cozinha, Bruno começou aos 11 anos e já fazia sucesso com os quitutes, quando fazia da Feira dos Goianos seu ponto fixo de venda. Os negócios foram por água abaixo com a chegada da pandemia da Covid-19 no DF e o fechamento do comércio. “Quebrei”, lamenta.Estacionado na garagem de casa, o micro-ônibus é um canteiro de obras. “Pensávamos que iríamos gastar R$ 6 mil de manutenção, mas já passou de R$ 12 mil e pelo que estou vendo ainda vai mais R$ 5 mil”, estima Bruno. Negociaram o veículo do ano 99/2000 em uma troca com um Xsara Picasso e ainda conseguiram R$ 4 mil de volta.

Responsável pelos tratos no veículo, o confeiteiro se aventura com avental e outras ferramentas. “Troquei o câmbio, o sistema de freios e a direção. No passado, eu restaurei um carro, então tenho uma noção”, explica.

O casal espera conseguir a autorização do GDF para legalizar o veículo como motorhome, isento de taxas, e assim poder fazer as reformas maiores. No projeto, cozinha, cama, geladeira, chuveiro, dois fogões e um espaço para um fogão do lado de fora.


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