Conhecida como a “Gordinha do Rabecão”, a técnica em anatomia Ana Cristina Neves, 48 anos, morreu, na madrugada deste sábado (14/5), por complicações de uma forte infecção urinária e familiares denunciam negligência médica. A auxiliar de necropsia do Instituto de Medicina Legal (IML) foi sepultada na manhã deste domingo (15/5), no Cemitério Campo da Esperança de Taguatinga.Ana Cristina deu entrada na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Ceilândia e, de acordo com parentes, ela não chegou a internar. A infecção urinária teria evoluído para septicemia (infecção generalizada). Em um áudio, uma familiar afirma que a técnica morreu enquanto esperava por atendimento. “Ela começou a respirar pouco e aguardava por atendimento e morreu sentada. Só depois que caiu, que vieram socorrer”, alegou.
A reportagem entrou em contato com o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF), responsável pelas UPAs. Até a última atualização desta reportagem, o órgão não havia respondido.
Carreira
Ao longo da carreira, Ana Cristina colecionou histórias e sonhos. Nascida em Taguatinga, a filha de mecânico fez o curso de auxiliar de enfermagem e decidiu que trabalharia em hospital. Em entrevista concedida a reportagem em 2010, contou que, em 1992, apareceu uma chance de estágio no IML. “Eu tinha 19 anos. Vi um colega fazendo a necropsia no corpo de uma psicóloga, morta num acidente de carro. Naquele dia, decidi que era aquilo que queria para minha vida”, disse.
Após o estágio acabar, Ana Cristina voltou à sua vida. Ensaiou ser camelô, na Feira de Ceilândia e em Brasilinha. Mas a vida de camelô não a empolgou. Em 1995, ela soube de um concurso para o IML, nível fundamental. Anatomia era o forte. Não hesitou. Passou. “Esperei três anos para ser chamada”. E brincou: “Dizia a mim mesma: ou entraria no IML pela porta da frente ou por trás, numa bandeja bem pesada”.
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