Deitado embaixo de uma marquise, Vitor Pereira*, 30 anos, se cobre do frio. O par de tênis faz o papel de travesseiro enquanto o edredom doado é ao mesmo tempo a cama, o teto e a parede. A rua é a serventia da casa. Em seu isolamento público, queixa de dor de dente e de uma ferida que tem no corpo. As reclamações têm um direcionamento. Aproxima-se dele uma equipe do Consultório da Rua para verificar a situação. Vitor é acompanhado há dois anos por um grupo multiprofissional de Taguatinga, formado por uma médica, uma enfermeira, uma psicóloga, dois técnicos de enfermagem e uma assistente social.
Os profissionais percorrem toda a região Sudoeste, que abrange Águas Claras, Recanto das Emas, Samambaia, Taguatinga e Vicente Pires. O objetivo é levar a Saúde para as pessoas vulneráveis, que por preconceitos, dificuldade de acesso e outras razões só contam com a assistência porque o Estado presta esse serviço.
"Gosto muito de ver vocês", afirma o jovem, que está há cinco anos nas ruas. Ele é soropositivo e iniciou o tratamento pela equipe do consultório itinerante. Atualmente, o rapaz também tem vínculo com a Unidade Básica de Saúde nº 3, que oferece tratamento ao morador de rua. "Não tenho nem documento, mas qualquer problema sou atendido", conta. Vitor tem acesso a medicamentos, pomadas e orientações para a prevenção. "Ele interrompe e volta ao tratamento", detalha a enfermeira Lea Graziela Nunes Portela. A falta de constância é um desafio. Mas o maior, segundo a equipe, é estabelecer o vínculo com os pacientes.
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